O Dom Milagroso de um Grande Amor

Na vida de toda a gente há braçados floridos dessas tolices sem importância. Só a raros eleitos é dado o milagroso dom de um grande amor. Eu teria muita pena que o destino não me trouxesse esse grande amor que foi o meu grande sonho pela vida fora. Devo agradecer ao destino o favor de ter ouvido a minha voz. Pôr finalmente, no meu caminho, a linda alma nova, ardente e carinhosa que é todo o meu ampa­ro, toda a minha riqueza, toda a minha felicidade neste mundo. A morte pode vir quando quiser: trago as mãos cheias de rosas e o coração em festa: posso partir contente.

Florbela Espanca, in "Correspondência (1930)" 

A dedicação de todos os instantes, um interesse sem cálculo, uns cuidados que em pequeninas coisas se revelam e o pensamento constante de fazer a felicidade de quem se ama. Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)" 

Doce Certeza

Por essa vida fora hás-de adorar 
Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca, 
Em infinito anseio hás de beijar 
Estrelas d´ouro fulgindo em muita boca! 

Hás de guardar em cofre perfumado 
Cabelos d´ouro e risos de mulher, 
Muito beijo d´amor apaixonado; 
E não te lembrarás de mim sequer... 

Hás de tecer uns sonhos delicados... 
Hão de por muitos olhos magoados, 
Os teus olhos de luz andar imersos!... 

Mas nunca encontrarás p´la vida fora, 
Amor assim como este amor que chora 
Neste beijo d´amor que são meus versos!... 

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas" 

Frémito do Meu Corpo a Procurar-te

Frémito do meu corpo a procurar-te, 
Febre das minhas mãos na tua pele 
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel, 
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te, 

Olhos buscando os teus por toda a parte, 
Sede de beijos, amargor de fel, 
Estonteante fome, áspera e cruel, 
Que nada existe que a mitigue e a farte! 

E vejo-te tão longe! Sinto tua alma 
Junto da minha, uma lagoa calma, 
A dizer-me, a cantar que não me amas... 

E o meu coração que tu não sentes, 
Vai boiando ao acaso das correntes, 
Esquife negro sobre um mar de chamas... 

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas" 

Eu sei o que quero e quem amo, e tu?

         Eu sei o que quero e quem amo, e tu?

     Escrevo, escrevo porque não te posso dizer que te amo. Já o disse e não obtive resposta, apesar de estares ao meu lado e de dividires a tua vida comigo. 

     Mesmo escrevendo a resposta é igual: nula, zero, sem reação...eu não existo e tu fazes questão de me mostrares isso sempre que podes... eu não existo!

    Consegues dar valor aos teus amigos, aos estranhos, á família que te interessa, a ti...eu que estou ao teu lado não tenho qualquer valor, sou ignorada, não existo!

    Estás em conflito interno sobre como sair da nossa vida, a bem ou a mal? Está a ser difícil ires embora, abandonares a tua família, que devia ser tudo para ti...quem se preocupa contigo, quem te quer bem, que te ama...mas que nem eu nem o nosso filho sejamos empecilhos na vida que tu queres só para ti, nos teus projetos, no teu egoismo...

    Se calhar eu realmente não devia cá estar, a gerar toda esta confusão na vida  de ninguém. Eu já devia ter partido de vez há anos atrás, e apesar de saber que não é isso que mereço, neste momento eu não tenho vontade de continuar por cá.

    Peço desculpa por ter passado pela tua vida e por te ter estragado a tua vida, sabes...achei que eras a minha alma gémea mas afinal enganei-me durante todos estes anos e tu não queres o meu amor. A minha alma está perdida!

    Mas eu hei-de encontrá-la, hei-de encontrar alguém que me ame, que me queira a seu lado, que queira remar o barco na mesma direção que eu, que tenha os mesmo objetivos de vida que eu e que me saiba admirar e dar valor...

    Morrerei mas hei-de renascer das cinzas!

    Vai, vai viver a vida que tu queres, com quem tu quiseres, vai realizar os  teus sonhos uma vez que estás a remar o barco na direção que tu queres e não na direção que nós devíamos querer os dois, na direção da felicidade da nossa família...queres uma vida só tua e eu quero uma família, foi o que sempre quis e achei que tinha conseguido contigo, mas mais uma vez enganei-me...

    Eu hei-de viver e morrer longe de quem não me quer bem, de quem não me ama, para quem eu não existo! Vai! Fazes-me sentir como se te estivesse a fazer infeliz. Hei-de cair ao fundo do poço mas tenho a minha família e os meus amigos que não me vão abandonar e que querem a minha felicidade.

Eu tinha tudo para ser feliz, sempre fui feliz contigo, eras o meu companheiro, o meu amigo e amor, formamos uma família que era tudo para mim... para mim...para ti não é o suficiente, não era esse o teu objetivo de vida e eu não quero ter-te ao nosso lado infeliz. 

    Eu sei o que quero e quem amo, e tu?

Cair para o lado

Tive há pouco uma quebra de tensão, ai...que sensação tão estranha, sente-se a realidade a fugir, parece que entramos numa outra dimensão em que se olha para o que nos rodeia de outra forma, em que se ouve tudo muito ao longe, como se estivessemos no fundo de um poço, os suores frios, o coração a mil, as pernas a ficar sem forças..."ai que vou cair para o lado", pensei eu...mas lá me encostei (tava tudo molhado da chuva e não me podia sentar), respirei fundo...entretanto chegaram as pessoas que trabalham comigo, trouxeram-me um copo com água e açucar e ah...maravilha!! Muito melhor :D De regresso à realidade!! Que bom!

home sweet home

E lá estamos nós na nossa casa (sabe tão bem dizer isto!!! hehe), no nosso cantinho, com as nossas coisinhas, á nossa maneira...vamos fazendo as coisas ao nosso ritmo (que para stresses já chega o resto do dia, com horários p cumprir - levantar, ir p o trab, entrar no trab, almoçar, entrar no trab...ufff), :D que bom!!

É tão bom acabarmos de jantar e ficarmos no mimo, a fumar o nosso cigarrinho, a ver uma tv ou a ler, a conversar...hummm, delicioso! Chegamos ao fim do dia bastante cansados (trab, lida da casa, cozinhar, tratar de roupas, etc) , mas compensam estes momentos tão gostosos!!

Há dias....

Há dias que mais vale não sair da cama...deviamos ficar lá todo o dia sem mexer muito e sem falar com ninguém...tipo: "pouco barulho...shhhh!!".
Hoje é um dia desses, devia ter ficado em casa, fechada para o mundo, só no meu mundo.
Chove, tá cinzento, triste, deprimente. A rede de autocarros resolveu fazer greve, então espera-se e desespera-se em pé, á chuva, ao frio, por um autocarro que chega cheio, vamos em sufoco, com calor, com guarda-chuvas a pingar, tudo fechado, a respirar o ar saturado, com sacas nas mãos, não há onde agarrar. Chego ao trabalho e a máquina de café está avariada. Raios partam o dia!!!
Há dias que mais vale não sair da cama...

yin/yang

yin - escuridão, noite, masculino, repouso, relaxado;

yang - luz, força, dia, feminino, energia, acção;

Forças opostas que se complementam para equilibrar energias. Tudo e todos são compostos por yin e yang.

Os sinais de desequilibrio podem surgir a nível externo (lesões) ou interno (ansiedade e stress), o que causa distúrbios como doenças e mal-estar físico ou emocional.

As causas internas estão ligadas às emoções (ira e medo, alegria, preocupação, melancolia, choque).

A ideia é conquistar o equilíbrio, a harmonia, dentro de cada um, entre o físico e o emocional, com os outros.

"É preciso viver, não apenas existir" (Plutarco)

É realmente muito triste cirandar por este mundo durante uns míseros anos sem usufruir do que nos mantém vivos, o amor.
Sem esse nobre sentimento apenas existimos (sobrevivemos). Que grande vazio!

T. 22 Abril 2007